Li um artigo em "Fugas" que me chamou a atenção pelos locais e preços em causa. Transcrevo o texto relativo a um dos alojamentos - antiga escola de Cachopo, Tavira - por ser na serra do Caldeirão e ser realmente bastante económico. Desvantagem é não ter piscina e ser a 1h da praia. Mas está perto de uma parque que me parece muito interessante: o parque da Fonte Férrea de Cachopo que é junto um riacho e até tem uma piscina (ver mais:
http://www.cpcachopo.com/aldeia/patrimonio.html). Talvez mais indicado para a primavera ou outono...
Cachopo, Tavira: Estas escolas ainda são centros de descoberta
“Vêm ter com a dona Otília? Ela já está lá dentro”. Nestes montes perdidos pelas curvas da Serra do Caldeirão, no interior algarvio, nada passa despercebido aos habitantes que ainda resistem nas pequenas localidades da freguesia de Cachopo, no concelho de Tavira. Por isso, as chaves dos três Centros de Descoberta do Mundo Rural, localizados nos montes de Feiteira, Casas Baixas e Mealha até se encontram escondidas junto à porta das antigas escolas primárias que os albergam.
Otília Cardeira, de 63 anos, é tecedeira, anfitriã local dos centros, dinamizadora cultural de Cachopo e, desde o ano passado, presidente da junta de freguesia. Há 14 anos que é ela quem arruma a casa, prepara camas e recebe os visitantes. Se Otília não estiver disponível, não se preocupe, o esconderijo das chaves é-lhe prontamente revelado. Depois, “todo o material está à disposição dos utilizadores”, basta arrumá-lo à saída, lê-se nos quadros de cortiça afixados em cada sala, por entre fotografias antigas das lides serranas, desenhos deixados pelos visitantes e mapas da zona. Em Feiteira, as regras até se ditam ainda na moeda antiga: “para utilizar as bicicletas tem que pagar uma caução de 2000$”.
As três escolas primárias, construídas na década de 60 e muito semelhantes entre si, foram abandonadas nos anos 1980 devido à falta de crianças e recuperadas vinte anos depois. Em 2000 reabriram como Centros de Descoberta do Mundo Rural, numa parceria entre a autarquia e a associação In Loco. Em todas elas, a única sala de aula foi comprimida em dois quartos (três beliches cada) e uma pequena sala de estar com mesa e cadeiras, uma salamandra e a estante da televisão. Nas traseiras foram acrescentadas as casas de banho. E o antigo alpendre – “onde deixávamos as mochilas, na altura sacos de pano”, conta Otília – foi fechado e transformado em cozinha, por onde se entra. Em cada zona exterior, foi ainda instalado um grelhador, mesas e bancos corridos.
Em Mealha, as mesas que agora se sentam em redor da escola, com vista desafogada sobre o casario e montes vizinhos, são redondas, inspiradas nas casas circulares de pedra e telhado de colmo que ainda se avistam por aqui. Na parede da cozinha, alguém deixou uma colagem, também ela circular, feita com as plantas encontradas nas redondezas. “Ramos de alfazema, folhas de oliveira, espigas de balancos”, vai identificando Otília.
Os equipamentos são sempre iguais, muito simples e de decoração despojada (a estadia em qualquer um dos centros custa 14€ por noite; 12€ em estadias de mais de três dias, e é possível pedir um pequeno-almoço feito com produtos regionais por mais 3€), pois a ideia é servirem de unidades de apoio à exploração da serra algarvia.
O objectivo é dinamizar este “território extremamente deprimido do ponto de vista social e económico”, defende Artur Gregório, da In Loco. Os albergues permitem estadas mais prolongadas e ao redor de cada um foram criados três percursos pedestres, de diferente extensão e dificuldade, e uma grande rota que une os três centros. Em cada passeio revelam-se as paisagens; as construções rurais (para conhecer as gentes locais, o casario térreo de xisto ou caiado de branco, as casas circulares, os moinhos de vento e as azenhas); ou as Antas da Masmorra e das Pedras Altas, monumentos megalíticos do IV e III milénios a.C. (localizadas próximo de Mealha). De 19 a 21 de Setembro, os centros vão receber a primeira edição do Toca’Andar (www.tocandar.eu), que contará, além dos trilhos pedestres, passeios de bicicleta, de cavalo e de charrete, ateliers, baptismos de cela, feira rural e um trail, entre outras actividades.
Centros de Descoberta do Mundo Rural
Casas Baixas, Feiteira, Mealha, Tavira
Contacto: Associação In Loco, Campus da Boa Esperança, Av. Da Liberdade nº 101, 8150-101 São Brás de Alportel. T: 289840860 / 969992240.
Fora do horário normal de expediente contactar Otília Cardeira, a Anfitriã Local: T: 961478155
No site da autarquia, encontrei esta descrição da região:
A freguesia de Cachopo incorpora 53 montes e os seus habitantes dedicam-se sobretudo à agricultura, pecuária, apicultura e produção de cortiça. Desenvolvem-se nesta localidade atividades de artesanato, nomeadamente trabalhos em linho, fabrico de aguardente de medronho, apicultura, enchidos, queijos, pão e carne de caça.
Neste circuito poderá conhecer o património histórico, arqueológico, cultural e natural da região. Pela E.N. 397 encontrará indicações direcionais para os "montes" típicos da Picota, Portela da Corcha, Vale da Murta e Garrobo. No Monte da Ribeira, desfrute de um belo vale, entre colinas serranas. Procure conhecer também os montes da Azinhosa, Graínho, Casas Baixas e o Monte de Alcarias de Baixo. Um pouco adiante descobrirá a arquitetura serrana: casas em xisto e caiadas, fornos comunitários, eiras, fornalhas e chaminés rendilhadas.
Nesta zona encontramos os Moinhos de Vento, construções destinadas à transformação de cereais a partir da energia eólica. Hoje, sem atividade, estas estruturas estão em ruínas ou reconvertidas em habitações.
Ao entrar na aldeia de Cachopo, encontra uma bifurcação. Vire à esquerda e estacione a sua viatura. Aí começa uma caminhada pelo centro da freguesia. Siga até ao Largo da Igreja e visite a Igreja Matriz de Santo Estêvão, local de peregrinação, datada de 1535. Nesta zona poderá também visitar as oficinas do ferreiro e do albardeiro.
Pela rua Matos Casaca visite o Núcleo Museológico de Cachopo, instalado na antiga Casa dos Cantoneiros. Este núcleo etnográfico e antropológico retrata a cultura e os costumes do povo da serra. Seguindo a E.N. 124, rua Padre Júlio Oliveira, volte à direita pela rua da Escola e visite no largo "A Lançadeira", oficina de artesãos. Nos seus teares são criadas manualmente peças de lã, linho ou algodão. Encontrará também trabalhos em ferro forjado, miniaturas em madeira, malhas, ponto cruz, rendas e crochés.
De regresso à estrada principal visite "O Moinho" e tome novamente a sua viatura. Siga em direção a São Brás de Alportel, até à Fonte Férrea de Cachopo, cujo nome deriva da qualidade das suas águas ricas em ferro, rodeada por uma vegetação luxuriante.
Vá em direção ao sítio da Feiteira. Aproveite a visita e percorra os Miradouros Naturais do Marco Geodésico de Cachopo, Alcaria Alta, Fonte da Rata e o Cerro do Malhanito a 479 metros de altura, a partir do qual usufruirá de uma extraordinária paisagem da serra e do barrocal.
De regresso ao centro de Cachopo, procure o desvio para o Monte da Mealha, sob indicação de Vale João Farto. Atravessando Vale João Farto, Navalha, encontrará as Casas Circulares, vulgarmente conhecidas por palheiros. Estas edificações em pedra e telhados colmo ou junco da ribeira, de origem pré-histórica, servem para armazenamento de alimentos para animais. Junto a Mealha, situa-se uma Necrópole, a Anta das Pedras Altas, monumento funerário do neolítico, e, em Alcaria Pedro Guerreiro, a Anta de Masmorra.
E já que estou a falar desta zona, vale a pena falar das cascatas, um pouco mais longe, a caminho de Tavira. O percurso que se segue, no entanto, é feito ao contrário, partindo de Tavira:
Partindo da rotunda da "Vela" pela E.N. 125 em direção a Vila Real de Santo António, atravesse a ponte de Tavira. No final desta volte à esquerda e logo à direita seguindo a placa "Cachopo". A cerca de quatro quilómetros encontrará um novo entroncamento com a indicação Senhora da Saúde (direita) e Cachopo (esquerda). Em direção da Senhora da Saúde, visite a capela do mesmo nome. Seguindo a indicação Cachopo, a cerca de um quilómetro orienta-se pelas placas Moinhos da Rocha/Pego do Inferno (caminho de calçada). Atravesse a ponte de S. Domingos, volte à direita e a cerca de três quilómetros encontrará a zona da Assêca e o Pego do Inferno ou Moinhos da Rocha. Estes moinhos integram propriedade do mesmo nome, antigo reguengo, onde se produzia farinha.
Com quedas de água, é um local aprazível para repousar. Regresse à estrada principal. Volte à direita e seguindo em frente encontrará o cruzamento com indicação Santo Estêvão. No segundo cruzamento em frente a cerca de um quilómetro volte à direita para Quinta dos Eventos. Propriedade rural algarvia, local de eventos e visitas pedagógicas dispõe de estruturas tradicionais e um enorme lagar em pedra. Regresse pela mesma estrada e siga pela direita até Santo Estêvão. De acordo com registos, nesta zona existiam "montes" agrícolas produtores de alfarroba, figo, amêndoa, vinho, cal, lenha, carvão e atividades de caça. Santo Estêvão é o padroeiro desta freguesia, em pleno barrocal algarvio. Bastará subir qualquer pequena colina para observar o mar a sul, os campos verdejantes e a norte a zona serrana.
Em Santo Estêvão visite a Igreja Matriz de Santo Estêvão, edifício que evoluiu a partir de uma ermida tardo-medieval. No interior, de uma só nave, poderá apreciar imagens dos séculos XVII e XVIII. Observe casas típicas algarvias com platibandas.
De regresso à estrada volte para Santa Catarina da Fonte do Bispo, primeiro encontrará Fonte do Bispo, depois Santa Catarina. A aldeia que tem como padroeira Santa Catarina, está rodeada de amendoeiras e pomares. Os solos calcários e argilosos, determinaram o desenvolvimento de artesanato e indústria cerâmica. Os artesãos, representados pela Associação de Telheiros Artesanais, produzem materiais utilizados na construção algarvia (mediterrânica): a telha mourisca, a tijoleira, os azulejos e o tijolo burro. Ao chegar à rotunda, siga a placa Cerro Leiria e depois volte na direção Casa Amarela. Aí aproveite para relaxar com um jogo de bowling sobre relva.
De regresso à rotunda de Santa Catarina, no centro da aldeia, poderá observar a Igreja Matriz de Santa Catarina, do século XVI, inicialmente construída com formas manuelinas, conjugadas depois com modelo renascentista. No século XVIII, as obras de remodelação ocorridas conferiram formas barrocas ao remate da fachada. No interior de três naves destaca-se a tela "Juízo Final".
Retorne à rotunda e siga em direção de São Brás de Alportel. Encontrará no primeiro entroncamento, a placa "Porto Carvalhoso". Seguindo esta, iniciará uma viagem de paisagens magníficas, por Bemparece, vendo os montados de sobreiros.
Refresque-se na fonte de Água Férrea, Malhada de Judeu, Águas de Tábuas até chegar a Alcaria do Cume. Neste local aproveite para apreciar a panorâmica e descansar. Regresse de novo pela mesma estrada até Fonte do Bispo. No entroncamento antes da Quinta da Fonte do Bispo, volte à esquerda em direção de Umbria onde se localiza um Parque de Merendas. Neste cruzamento siga pela direita, atravesse Morenos até chegar à estrada principal. Volte à esquerda em direção ao Malhão e siga para o Observatório Astronómico (OAT), onde poderá visitar com a ajuda de telescópios zonas distantes do universo.
Igreja Matriz de Santa Catarina